Paixão, Morte e Ressureição de Jesus de quinta à domingo, um caminho de fé, silêncio, amor e vitória em Cristo

Início do Tríduo Pascal com a Missa do Lava-pés

Muitas vezes, nas nossas vidas, nos alegramos ao lembrar de algo que passou — das memórias. Pensemos: ninguém é o “pai” das memórias de quando educou o primeiro filho, ou das memórias que nós, filhos, temos com nossos pais. São lembranças que ficam, que uma e outra vez reacendem sentimentos em nós.

O tema da memória, em nós, muitas vezes nos dá forças para seguir. Por exemplo: quando recebemos um legado de alguém, especialmente no leito de morte, isso marca profundamente. Fica na nossa mente, quase como um lema de vida. Poderíamos citar vários exemplos.

Por outro lado, como é triste quando uma pessoa vai perdendo a memória… Ou quando um povo, um grupo, perde sua memória — como se nada tivesse acontecido, como se não houvesse história.

A nossa fé — e, particularmente, a Missa de hoje — nos fala de uma grande memória. Uma memória que não é apenas uma recordação do que Jesus viveu, mas uma atualização. “Fazei isto em memória de mim.” Esta frase está gravada em nossos corações. Eu celebro a Missa, eu vivo a Eucaristia, porque faço memória Dele — de Cristo, que é vida. E isso, a gente nunca esquece.

Atualizar é trazer à tona, de novo, aquilo que Cristo nos pede para fazermos: amar, servir, lavar os pés uns dos outros. Ele também nos diz: “Aquele que quiser vir após mim, tome a sua cruz e siga-me.”

Se aplicássemos isso em nossas vidas, veríamos muitas formas de atualizar essa memória. Quantas cruzes já carregamos? Quantas vezes fomos os primeiros a amar, a perdoar? Ou quantas vezes fomos os receptores de um perdão tão esperado?

Essa memória se faz viva. Nós não somos desmemoriados — somos o povo que atualiza o que Jesus pediu.

Isso abre o ritmo do Tríduo Pascal. Assim como Jesus constrangeu os discípulos há 2.000 anos com o gesto do lava-pés, Ele continua a nos tocar hoje.

A memória de um povo é sua sabedoria. E a nossa sabedoria vem de Cristo. Nosso agir vem de Cristo. Nosso lar vem Dele. Nossos sentimentos vêm de Deus.

Nunca nos esqueçamos disso.

Na missa foi entregue uma cruz por pessoa e 12 delas estavam escritas: 1Foi por você’! Esse foi o chamado dos que tiveram seus pés lavados pelo Pe Gustavo.

Adoração ao Santíssimo Sacramento teve início logo após a Missa da Ceia do Senhor, na noite da Quinta-feira Santa, com o gesto simbólico do translado do Santíssimo ao Horto, onde Jesus foi rezar antes de sua prisão.

Com profundo espírito de recolhimento e oração

A adoração se estendeu de forma ininterrupta até a manhã da Sexta-feira Santa, culminando na Via-Sacra às 6h.

Celebração da Paixão e Morte do Senhor

 

A Vigília Pascal foi celebrada na Sexta-feira Santa, e o padre Gustavo refletiu:

“Sem as marcas da cruz, não há salvação. Sem a cruz em nossas vidas, não há santidade.”

“Um relato cheio de sinais, extenso… Mas esse Evangelho (João 18, 1 – 19, 42) era transmitido pela tradição oral, e o povo o conhecia bem.”O padre destacou frases marcantes e fez uma pequena “chamada oral”, perguntando, por exemplo, o nome do sumo sacerdote e quantos discípulos estavam presentes quando Jesus entrou no templo dos sacerdotes.

Disse também que, se pudéssemos decorar essa história, poderíamos contá-la — e é certo que, se estamos aqui hoje, fazendo parte da história da salvação, é por quê alguém nos passou essa ‘receita’ de fé. Começamos a celebração no silêncio, recordando que Deus se entregou por nós**. E, se Ele quis nos salvar, é porque deseja estar conosco — sempre há um jeito, sempre há possibilidade de recomeço e de salvação.

Quando olhamos para o altar, para a cruz, vemos as chagas de Jesus. Não as vemos em nossas mãos, mas  ‘essas chagas marcam a nossa salvação’. Elas revelam o desejo de Jesus de que sejamos filhos de Deus.

 

Sexta-feira Santa à noite, no Santuário Sião Jaraguá: um encontro de dor e amor.

À luz suave da noite santa, o Santuário se encheu de silêncio e emoção para viver um dos momentos mais profundos da Semana Santa: o Encontro da Virgem Dolorosa com Jesus dos Passos.

Ali, contemplamos a cena tocante em que Maria se encontra com seu Filho ferido:
“Mulher, eis aí o teu filho…” – ecoa a voz de Jesus, do alto da cruz, confiando à Mãe a humanidade inteira.

No colo da Virgem, Cristo crucificado revela o mistério mais sublime: o Deus que se entrega totalmente por amor.
Foi um momento de encantamento diante da pessoa de Cristo e de profunda união com as dores de Maria, que permanece fiel junto à cruz, até o último suspiro do Filho.

A morte de Jesus na cruz foi meditada com intensidade e reverência, guiada pela participação dos jovens do Santuário e pelo  Pe. Gabriel Oberle.

Uma noite de fé viva, que nos conduziu ao coração da salvação: a cruz redentora e o amor de uma Mãe que nunca nos abandona.

O Sábado de Aleluia

A Páscoa é a passagem da morte para a vida, e o nosso batismo também: lavados da morte para a vida nos tornamos homens novos.

 

Celebrado com alegria e fé. Padre Gustavo presidiu a celebração, e o Padre Gabriel Oberle concelebrou. Em sua homilia, Padre Gustavo refletiu:

“Hoje vivemos uma grande alegria! Muitas vezes, as coisas da vida querem nos tirar o foco, mas nada pode tirar a alegria da Páscoa. A certeza de que Jesus ressuscitou (cf. Mt 28,1-10) — de que nos ama profundamente e de que somos salvos por sua misericórdia — deve permanecer firme em nossos corações.

Uma vez que a chama foi acesa dentro de nós, e que somos filhos de Deus (cf. Rm 8,14-17), ninguém pode nos tirar isso. Nesta noite, acendemos o fogo novo na pira. Ontem, dia 18, foi Sexta-feira Santa, e por isso não queimamos o Capital de Graças, pois esse gesto é uma oferta, uma entrega. Hoje, ao acender o fogo novo, essa foi a nossa entrega. E ao fazer isso, sabemos: estamos abrigados no coração de Deus.

A primeira leitura (cf. Gn 1,1 – 2,2) nos lembra que Deus ama todas as suas criaturas, que viu que tudo era bom. Isso nos recorda que nós também somos bons, criados à imagem e semelhança do Criador.

Em Abraão, vemos um Deus que não abandona a fidelidade do seu servo (cf. Gn 22,1-18), mesmo quando este é chamado a entregar o próprio filho. Deus providencia o cordeiro — e assim permanece fiel à sua promessa.

No Êxodo, o povo se vê diante do mar, sem saída, e Deus age: não abandona. Ele faz com que passem a pé enxuto (cf. Êx 14,15 – 15,1). Quando fechamos o coração para Deus, esquecemos disso — mas em Deus não há impossíveis.

Depois, o profeta Isaías nos recorda que todos fomos lavados:
“Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam, sem antes regar a terra e fazê-la germinar…” (cf. Is 55,1-11).
Assim também é o nosso batismo: a água que um dia foi derramada sobre nós não volta atrás, cumpre sua missão — faz brotar vida nova. Somos filhos diante de Deus, e colocamos nosso dons a serviço do Reino.

Em Ezequiel, ouvimos:“Derramarei sobre vós uma água pura, e sereis purificados” (cf. Ez 36,16-28).
Tudo brota bem, porque tudo vem de Deus, pela sua misericórdia.

Por fim, São Paulo nos diz:“Fomos sepultados com Cristo pelo batismo na morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova” (cf. Rm 6,3-11).

Este é um novo tempo, um tempo de dizer com o coração:
“Obrigado, Senhor!”Às vezes, algo tão bom nos custa acreditar. Algo tão misericordioso parece difícil de aceitar. Mas o Senhor nos convida:“Abre teu coração.”

Domingo de Páscoa:

Sem convicção na verdade, ninguém muda ninguém. Mas quando temos a certeza de que Cristo está conosco, o medo desaparece, a poeira do desespero se dissipa, o caos dá lugar à esperança.

Pe Gustavo celebrou a solenidade e refletiu: Maria Madalena encontra o túmulo vazio. Antes mesmo de imaginar que Jesus havia ressuscitado, pensou: “Tiraram o meu Senhor daqui!”

Movida pelo amor e pela angústia, correu para contar a Pedro e João. Pedro tem a primazia de entrar no túmulo, e, aos poucos, o medo vai deixando o coração dos discípulos, pois a realidade da ressurreição vai se revelando, rica em sinais e detalhes.

O Evangelho de hoje nos mostra como tudo foi acontecendo: Maria Madalena avisa os discípulos, que saem correndo até o túmulo. Ao chegarem lá, veem os tecidos colocados cuidadosamente, os lençóis dobrados. Isso é um detalhe importante.

O padre usou uma comparação: quando uma casa é assaltada, tudo fica bagunçado, desarrumado. Mas ali, no túmulo, tudo estava em ordem. A pedra removida, o espaço vazio, e ainda assim, os sinais mostravam que nada havia sido violado, mas sim cumprido. Os lençóis dobrados indicam que quem ali esteve saiu com tranquilidade.

Esses pequenos sinais são os que revelam a verdade da ressurreição.
Jesus ressuscitou! E Ele é o Senhor da nossa vida.

Assim também acontece conosco: Deus vai nos dando sinais todos os dias. Pequenos detalhes em nossa rotina, em nossos encontros, em nossas dores e alegrias. Estar atento aos sinais da vida é deixar-se transformar pela ressurreição. É permitir que o medo seja vencido.Com Cristo, vencemos e temos vida!

Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos (cf. At 10,34a.37-43), vemos o início da evangelização: Pedro anuncia que aquele que foi crucificado ressuscitou, e diz com firmeza:”Nós somos testemunhas.”

O Papa São João Paulo II dizia que a força da ressurreição é tão grande, que transforma o mundo a partir do testemunho de apenas doze homens. Uma verdade tão imensa, tão poderosa, que o número pequeno dos apóstolos frente ao tamanho do mundo se torna irrelevante — porque onde há verdade carregada no coração, há transformação.

Sem convicção na verdade, ninguém muda ninguém. Mas quando temos a certeza de que Cristo está conosco, o medo desaparece, a poeira do desespero se dissipa, o caos dá lugar à esperança. A verdade de Deus é maior do que qualquer morte — e nossa vida, n’Ele, também é.

Sim, sem a tua graça, nada podemos.

É por Cristo que somos santificados, é por Ele que colocamos em prática a fé.
Por Cristo somos salvos. Em Cristo vivemos.

Ele permanecerá conosco por 50 dias, e em cada novo batismo, a chama da fé é acesa por causa da sua ressurreição.

É pela ressurreição de Cristo que estamos de pé, que temos esperança e que seguimos adiante. Caminhamos acreditando que Jesus voltará. E esperamos em pé, com o coração firme, alimentados por Ele, fortalecidos por sua Palavra, seus mandamentos, sua presença.

Que possamos viver e celebrar com alegria essa certeza: Cristo vive, e está no meio de nós!

Ao Final da missa as crianças receberam chocolates para testemunhar o amor de Cristo Ressuscitado nesta Festa de Páscoa.