lA missa de dedicação aos Fiéis Defuntos no dia 2 de novembro de 2025 foi celebrada pelo Reitor do santuário Pe Gustavo Hanna Crespo, no final da missa foi feita a visita e aspersão de água benta no cemitério dos padres de Schoenstatt do Brasil que encontra-se no terreno deste santuário.

Em sua homilia o padre usou palavras e sentimentos que enfrentamos no luto de nossos familiares e amigos, com a certeza de que Jesus sempre está ao nosso lado incentivou que todos vivam o luto, mas não sozinhos e que nós acompanhemos as famílias enlutadas como obra de misericórdia. Assim foi:

“Quantas e quantas vezes nós não tivemos a experiência de alguém que nos é próximo falar e nós esquecermos o suporte, o sustento das pessoas que estão mais abaladas, mais frágeis, com o tema da morte. Se eu perguntar a vocês: quantos já passaram por isso? Somos vários ou quase todos.

No momento do luto, irmãos, sentimos que nada do que vamos falar pode resolver. É um pouco do que acontece no Evangelho do dia de hoje: percebemos que Jesus Cristo chega à casa de Marta e Maria e a primeira reação humana é: “Senhor, se estivesses aqui, isso não teria acontecido.” Esse é o primeiro estágio do luto — aquele em que ficamos procurando o que poderia ter sido feito para que a morte não acontecesse: “Se eu tivesse levado-a um dia antes ao hospital…”, “Se eu não tivesse deixado que ela fizesse aquilo…”, “Se eu tivesse ido no lugar dele… talvez isso não teria acontecido.” É uma reação muito humana.

Jesus, nesse momento de dor, abre uma realidade maior no coração de Marta: aquele que está ao teu lado, aquele que dá a vida, está ao teu lado. Abertura de coração em meio à ferida é algo que precisamos experimentar. No momento de tristeza, de perda, Jesus caminha conosco, não nos abandona, porque é Ele que dá vida e promete estar conosco todos os dias — não só nos dias felizes, de conquista, mas em todos os momentos da nossa vida.

Na segunda leitura, São Paulo nos apresenta a frase: “Para que tudo e todos sejam em Jesus.” É dizer que nossa vida peregrina nesta terra ganha sentido olhando para Jesus, pois temos esse imenso desejo de nos religar à nossa origem, ao fundamento da nossa existência. Ontem celebramos sua unidade, todos os santos; hoje celebramos o passo necessário para encontrarmos Jesus — o passo que muitas vezes tentamos abafar: a morte. A morte é dolorosa, mas é um encontro, uma consumação; é o momento em que podemos dizer: “Senhor, aqui está o teu filho, aquilo que me deste eu te devolvo.”

A celebração de hoje, dos Fiéis Defuntos, não é simplesmente uma recordação de quem partiu, mas também um lembrar de nossa própria vida: é um caminho para Deus, um caminho constante para o céu, embora muitas vezes nos custe pensar — pensar no ponto final da nossa vida. A morte é uma etapa para a liberdade, para sermos “um em Jesus”.

Hoje, quando estávamos colocando na árvore os nomes das pessoas que já se foram, entregávamos ao Senhor as almas daqueles que já partiram, num gesto de confiança. “Agora sabemos que pertencem a ti; desde o começo até o fim a vida é tua; esta vida é tua.” E por isso queremos, com Jesus, dar os frutos de sermos bons filhos de Deus.

Retornando ao início da reflexão: não é momento de fingir que nada aconteceu, mas sim de reconhecer: sim, aconteceu. E quero entregar este momento ao Senhor. Quero atravessá-lo com Deus. E quando for possível, ser instrumento de apoio, espiritual e emocional, para sustentar os outros que vivem na fragilidade. A obra de misericórdia que realizamos na fragilidade do outro é acompanhar as famílias que estão enlutadas — porque é quando a casa fica vazia, e somos chamados a abrir nossa partilha de fé para quem está vivendo no interior, no luto.

Muitas vezes, depois do falecimento de alguém, se inicia o velório, a visita, a oração. Nos primeiros dias, pessoas vão à casa dos enlutados, rezam com a família. Isso ajuda a pessoa a se acalmar, a entregar-se, a perceber que a comunidade reza, ajuda no crescimento da fé, porque é normal que ela encontre o abraço de Cristo, a misericórdia do Pai agindo.

O convite de hoje, como cristãos, na Comemoração dos Fiéis Defuntos, é não esquecer a força missionária da nossa igreja, o desejo de servir. Mesmo que o momento seja incômodo — mas é necessário a nossa presença. Mesmo que o irmão ache que vai incomodar ou que se sentirá incomodado, a ausência nunca é a melhor opção para viver o luto. Que possamos sair desta missa com o desejo, com o coração, de pedir a Deus a graça de um coração grandioso para acompanhar os irmãos, para acompanhar os que ficam, e nunca esquecer de rezar por aqueles que já partiram. Ao Senhor pedimos a graça de terminar bem esta peregrinação, para sermos, em Jesus, um.”


Texto retirado da homilia por Sueli Vilarinho