No Santuário Sião Jaraguá, no dia 7 de setembro de 2025, a missa foi presidida pelo Padre Gustavo Hanna Crespo. Em sua homilia, destacou o valor do mês da Bíblia, a importância de iniciar a leitura pela Carta a Filêmon e a centralidade da fidelidade e da cruz no seguimento de Jesus. Ao final, celebrou-se também seu aniversário sacerdotal, ocasião em que recebeu uma homenagem da Família de Schoenstatt do Jaraguá.

Nós conhecemos o mês de setembro como mês da Bíblia.
Quem já leu a Bíblia inteira? De quase 700 pessoas aqui, somente três ou quatro já leram. Sempre a gente pensa que é impossível, pois pensamos que é algo muito grande. Mas vimos um primeiro livro que poderíamos começar a ler, que é o livro mais curto da Bíblia: a Carta de São Paulo a Filêmon, que foi a carta da segunda leitura.

Tem apenas um capítulo, uma página e meia, e por isso às vezes nem encontramos nas cartas de São Paulo.
O bonito de percebermos é que a importância de cada texto sagrado, na Sagrada Escritura, é que essa página escrita por Paulo mostra fidelidade até o final da sua vida.

Eu, Paulo, já na minha velhice, começo assim: já como prisioneiro de Cristo venho vos anunciar que mandarei alguém que é do meu coração. Ele mesmo, na velhice, mesmo preso, mostra fidelidade. A fidelidade de Paulo nos impulsiona: vale a pena lutar pelo Evangelho, vale a pena seguir o caminho de Deus, vale a pena fazer com que esse caminho seja para nós caminho de vida.

Como falamos que não é possível ler a Sagrada Escritura, se começamos pelo Filêmon, já podemos dizer: “já lemos um dos 73 livros”. Aí vamos nos aprofundando.

Se aproximar da Sagrada Escritura é se aproximar de algo vivo. Não é se aproximar de um grande romance ou de uma grande história, mas de algo vivo: uma história viva de um povo que selou sua aliança com Deus, de um Deus que selou aliança com seu povo, e que segue vigente até hoje. Em Cristo nós somos inseridos no mistério dessa aliança. Olha que bonito!

E se fôssemos ampliar o horizonte: a Sagrada Escritura sabemos que não vai mudar, nunca mudará. Mas nós, com a nossa vida de batizados, com a nossa vida de discípulos, seguimos construindo a história de salvação e a construção do Reino para o mundo de hoje. Seguimos escrevendo novos capítulos, porque vale a pena — assim como fez Paulo — anunciar o Reino de Deus ainda com todas as dificuldades.

E vamos para o Evangelho de hoje, de Lucas capítulo 14. São Evangelhos em que Jesus vai falar do tema do sofrimento: cada um carregar a sua cruz para seguir o Senhor. Jesus foi verdadeiro e sincero: nunca escondeu dos seus discípulos que o caminho para a salvação necessariamente passa pela cruz, pelo sofrimento. Teremos que abraçar com Ele o peso da cruz.

Jesus não enganou o seu povo. Se lembrarmos alguns domingos atrás, quando Jesus confirma Pedro, Ele disse: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. E depois Ele vai dizer que irá sofrer para ressuscitar. Pedro, a primeira reação, foi afastar Jesus disso. E o Senhor repreende Pedro, porque Ele mostra que esse é o caminho da plenitude, da verdadeira alegria, da salvação. Mas nós precisamos passar pela cruz, assim como Jesus.

A segunda parte do Evangelho traz o tema das renúncias. Perguntamos: quem já fez uma renúncia no tempo da Quaresma? Por exemplo, um doce. O tema da renúncia não se trata simplesmente de deixar algo de lado, mas daquilo que somos, renunciando para ganhar mais liberdade.

Já tivemos aqueles que renunciaram refrigerante por um bom tempo. Isso dá a liberdade de decidir: tomar ou não tomar, comer ou não comer. A renúncia nos faz cada vez mais livres. É um sacrifício de algo bom, mas que nos educa.

Outros fazem a renúncia de não falar mal do outro. Isso não é apenas disciplina, é caminho de santidade. E santidade também nos faz livres.

Jesus fala da renúncia para a maior liberdade dos seus seguidores. O seguimento a Jesus significa caminhar atrás Dele, seguindo seus passos. Às vezes usamos a expressão: “Senhor, mostra o teu rosto para nós”. Mas muitas vezes vale a pena rezar de outro jeito: “Senhor, deixa eu ver as tuas costas”. Porque ver as costas de Jesus significa que estamos atrás Dele, seguindo seus passos.

Na vida já passamos pela experiência de aprender algo com um mestre. Chega o momento em que o mestre diz: “agora você pode seguir sozinho”. Mas na fé não é assim. Na fé, o mestre e os discípulos sempre caminham juntos. Porque no final das contas, o único Mestre é o Senhor.

Nós sempre seremos discípulos. Nunca seremos mestres. Estaremos sempre aprendendo. Porque o Evangelho não se esgota. O aprendizado da Palavra de Deus não se esgota. Jesus sempre tem algo a nos ensinar.

E nesse mês da Bíblia, que possamos pedir ao Senhor força para viver a fé, para abraçarmos a cruz e caminharmos sempre como discípulos fiéis.

Ao final da celebração, comemorou-se o aniversário sacerdotal do Padre Gustavo Hanna Crespo. Em sinal de carinho e gratidão, ele recebeu um presente especial da Família de Schoenstatt do Jaraguá.

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Texto retirado da homilia do dia por Sueli Vilarinho

Fotos: Mariana Cabral