A Solenidade de Pentecostes, no dia 8 de junho de 2025, foi celebrada no Santuário Sião Jaraguá, presidida pelo reitor, Pe. Gustavo Hanna Crespo. Em sua homilia, ele destacou a missão de cada um em ser luz no mundo, olhar para os próprios talentos e dons com gratidão e responsabilidade, e continuar a missão de Jesus no tempo presente.
Assim foi a homilia: “Toda vez que participamos de uma missa no santuário e o tempo começa a parecer que vai chover, nosso medo é diferente do medo que os discípulos sentiram. Eles tinham medo de que alguém abrisse a porta; nós, por outro lado, temos medo justamente porque nem porta temos para fechar.
Mas, neste dia de Pentecostes, nos reunimos aqui para implorar a Deus, mais uma vez, a descida do seu Espírito sobre nós. E também para agradecer por todos os talentos que Ele concede a cada um. Quando falamos que o Espírito Santo derrama dons, frutos, talentos e capacidades sobre o seu povo, muitas vezes olhamos apenas para o dom do outro e esquecemos de reconhecer os dons que Deus deu a cada um de nós.
Esse é um exercício constante: um exercício de gratidão. Porque tudo o que recebemos é dom gratuito, é graça de Deus. E é com esforço e dedicação que colocamos esses talentos a serviço da comunidade. Somos reconhecidos pelos dons que temos no momento em que vencemos o medo e nos colocamos a serviço. Superamos o medo de agir, a vergonha de começar, e rompemos a barreira dizendo: “Se Deus me deu isso, eu quero colocá-lo a serviço dos demais.”
Nestes cinquenta dias do Tempo Pascal, ouvimos repetidamente na liturgia a promessa de Jesus: “O Espírito virá sobre vós”, “O Consolador estará convosco”, “Ele vos trará a paz”. São várias promessas que culminam hoje, nesta festa solene de Pentecostes. Por muito tempo se dizia que aqui nascia a Igreja. Com a reflexão teológica ao longo do tempo, compreendemos que a fundação da Igreja se dá em vários momentos: nos gestos e palavras de Jesus, e se consuma em Pentecostes. Não foi apenas a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos com Maria em oração que fundou a Igreja, mas todo o mistério de Jesus — sua vida, paixão, morte e ressurreição — que revela seu desejo de fundar uma Igreja viva.
Estamos reunidos neste tempo, convocados por Deus, e até que Ele volte, somos chamados a viver com fidelidade o seu Evangelho, dia após dia. A primeira leitura de hoje, retirada do livro dos Atos dos Apóstolos (At 2,1-11), nos fala dos discípulos reunidos com Maria, quando, em certo momento, recebem o Espírito Santo e começam a falar em outras línguas. Por isso o espanto da multidão: “Esses que falam não são todos galileus? Como então os ouvimos em nossa própria língua?”
Isso nos faz pensar: quando colocamos um filme em uma língua que não conhecemos, a primeira coisa que procuramos é a legenda — porque queremos entender. Assim também acontece com o Evangelho: falar em outras línguas não é apenas falar outro idioma, mas falar de forma que o outro compreenda. Ter empatia no diálogo, na linguagem. Não usar termos que o outro não entende. A mensagem do Evangelho pertence ao Reino, e o Reino é para todos.
É necessário que encontremos, como discípulos missionários de Jesus, formas de anunciar o Evangelho de modo que todos compreendam — sem infantilizar a fé, sem tratar como se fosse um segredo a ser desvendado por etapas. O Evangelho deve ser compreendido por todos, para que todos possam viver a mesma experiência dos discípulos: escutar a voz de Jesus, ver os sinais da Ressurreição. É Ele. E é n’Ele que encontramos a paz.
O tempo de Pentecostes marca o fim do Tempo Pascal e o início do Tempo Comum — que não é “comum” no sentido de banal, mas sim porque é no cotidiano, no dia a dia, que encontramos Deus. É nesse compromisso de viver e anunciar o Evangelho que compreendemos: quando a vela se apaga, não é porque Jesus deixou de nos iluminar, mas porque Ele nos confiou a missão de iluminar o mundo com a luz que Ele acendeu em nós.
Texto retirado da Homilia do dia por Sueli Vilarinho
Fotos: Alex Formigoni

