A missa do Domingo de Ramos, 13 de abril de 2025, no Santuário Sião Jaraguá foi presidida pelo Pe. Gustavo Hanna Crespo e concelebrada pelo Pe. Gabriel Oberle.

Em sua homilia, Pe. Gustavo disse:

“O Evangelho de hoje (Lc 19,28-40) é um resumo do que vai acontecer durante toda esta semana. É uma história que já conhecemos, mas ela sempre é muito rica em detalhes.

Gostaria, nesta reflexão, de destacar alguns desses detalhes.

O primeiro: quem percebeu a insistência de Pilatos em não condenar Jesus à morte? Em vários momentos, aparece o retrato de Judas, mas Pilatos não queria condenar Jesus. Em alguns momentos, dizia: ‘Vou apenas castigá-lo e depois soltá-lo.’

Mas o povo queria que a morte se cumprisse. A intenção de Pilatos, num primeiro momento, era boa. Ele não queria prejudicar Jesus. Mas só a intenção não basta. Dizer que teve boa intenção, sem agir, não adianta.

Muitas vezes, vamos pela opinião dos outros e acabamos deixando de fazer aquilo que é bom. Pilatos teve medo da consequência — talvez de uma revolta popular, talvez de perder o poder. Mas quando a intenção é boa, é sempre um desafio.

Esse é o nosso primeiro chamado: quando nossa consciência aponta para o bem, precisamos assumir, ainda que a consequência seja a cruz. É uma entrega pelos demais, para anunciar o Evangelho.

As mães sempre dizem: ‘Você não é todo mundo.’

Temos liberdade para pensar, mas, no mundo de hoje, lutar pelo bem, pelo Evangelho, pelos valores de Cristo, é muito difícil. Às vezes nos calamos, buscamos o caminho mais fácil e acabamos agindo como todos os outros. Temos boas intenções, mas não as colocamos em prática.

O arrependimento é algo difícil de lidar. O perdão também. Sabemos que o caminho da cruz é o caminho do sofrimento e da ressureição.

A segunda leitura (Fl 2,6-11) nos diz que Jesus se esvaziou de si mesmo. Mas o que é se esvaziar de si? Ele deixa de lado sua realeza, sua divindade, e assume nossa humanidade para nos salvar.

Ele experimenta a nossa vida, sente o que sentimos. Todos já passamos por dia em que, ao final, nos sentimos esgotados, vazios — como se tivéssemos entregado tudo.

Mas quando fazemos isso pelo bem, há uma sensação de missão cumprida.

Jesus se esvaziou e se entregou totalmente por nós. E não se arrependeu. Ele nos perdoa. Não nos condena, mas nos salva.

É uma entrega de amor total. E é essa experiência que somos chamados a viver: a entrega total a Deus.

No tema da cruz, somos chamados, uma e outra vez, a escutar: ‘Aquele que quiser me seguir, tome a sua cruz e siga-me.’

No Evangelho de hoje (Lc 19,28-40), aparece Simão Cireneu. Ele estava voltando do trabalho, cansado, querendo chegar em casa. Mas viu um homem desfigurado e ajudou a carregar sua cruz.

Importante notar: ele não toma a frente da cruz. Ele vai atrás de Jesus. Simão carrega a parte final da cruz.

A cruz das nossas vidas é sempre carregada primeiro por Jesus. Ele nos ajuda, nos dá forças. Estamos atrás, como o Cireneu.

Se tiramos Jesus da cruz e pensamos que somos os únicos a sofrer, não damos conta.

Mas, com Ele, conseguimos carregar nossas cruzes.

Às vezes, no cansaço, no trabalho, precisamos olhar para o crucificado e dizer:
‘Esse sofrimento te dedico. Carrego contigo, e não sozinho.’

Por fim, o último detalhe: o tempo do perdão e da misericórdia existe sempre.

Jesus perdoa o ladrão arrependido no alto da cruz. Isso mostra que a misericórdia de Deus é do começo ao fim.

Ela não tem espaço, pausa ou intervalo.

A misericórdia continua. Vem e segue.

Nesta Semana Santa, possamos de fato entrar nesse grande mistério — o mistério dos detalhes que Deus nos revela.

Que possamos assumir, com Jesus, as cruzes da vida, para também assumir a glória da Ressurreição, na liberdade de filhos que são obedientes, como Ele foi.

Que possamos dizer: ‘Sim, Pai’, para todas as coisas da nossa vida — mas também para a alegria da Ressurreição.

Que possamos viver esta Semana Santa de forma abençoada e mergulhar profundamente nesse grande mistério que é o amor de Deus.

E que, mesmo indo contra a corrente, possamos sempre olhar para Jesus.”

Texto retirado da homilia do dia por Sueli Vilarinho

Fotos: Marcos R. Bastos