A Santíssima Trindade: Mistério e Unidade

A Solenidade da Santíssima Trindade foi celebrada no santuário pelo Reitor Pe Gustavo Hanna Crespo, em sua homilia destacou que o Mistério da Trindade é em primeiro lugar união, todos em comunidade na dignidade de filhos amados de Deus e que rezemos para entende-la. Assim o fez:

“Todo ano, ao celebrarmos a Santíssima Trindade, deparamo-nos com um mistério tão profundo que podemos, por vezes, confundir aquilo que não pertence à nossa fé. Nossa intenção hoje, nesta reflexão, não é simplificar, mas sim encontrar um caminho para nos aproximarmos do mistério da Trindade.

A primeira verdade é que a Trindade é uma só, inseparável. É um único Deus em três Pessoas, mas é um desde a criação. O Pai, o Filho e o Espírito Santo. A nossa fé, o Deus em quem acreditamos, é unidade. Ele sempre atuará nessa unidade. Se ouvirmos o Evangelho de hoje, (Jo 16,12-15),  Jesus diz claramente aos discípulos a quem pertence o Reino: “Isso não é só meu, isso é do meu Pai.” Mas o Espírito anunciará algo que também não é dele, porque “o que é meu é do Pai”. Ou seja, tudo pertence à Trindade.

Vocês, que são pais, já tiveram a experiência de comprar um brinquedo para o filho e dizer que “é de todo mundo”? Se fosse “meu”, eu teria que possuir tudo e não dar espaço para o outro. No entanto, o Reino da Trindade é união. Nós vamos construindo nessa unidade. Meu avô, para juntar os netos no Dia das Crianças, comprava um brinquedo que ficava na casa dele e era de todos os netos. Eram cinco meninos e uma menina, e todos tinham que brincar juntos, pois o brinquedo era de todos. Assim é o Reino da Trindade.

Somos feitos filhos e filhas de Deus pelo batismo. Recebemos, por completo, toda a herança de Deus. Participamos da comunhão da Trindade. Não há como ser diferente. Nossa fé cristã não pode dizer que “eu acredito só em Jesus” e não acreditar no Espírito Santo, uma vez que fomos batizados na Trindade. É preciso sempre lembrar disso.

Comunidade, Missão e Dignidade

Isso também nos leva a reconhecer que não podemos fazer as coisas sozinhos. Necessitamos uns dos outros e de uma comunidade que busque ser o mais parecido possível com o Reino. Precisamos assumir a realidade de que dependemos uns dos outros e que não fazemos nada sozinhos nesta grande festa da Trindade.

Olhamos como a Igreja foi descobrindo a Trindade até chegar ao que professamos hoje, há mais de 1700 anos. Mas isso não significa que somos uma massa uniforme. Como cristãos, pela missão e pelo papel de cada um, podemos reconhecer a relação entre as Pessoas Divinas. Se fôssemos uma grande massa, poderíamos dizer que acreditamos somente em Jesus, e não teríamos o Pai e o Filho do Espírito Santo. Mas pela ação e pelo papel de cada um, podemos reconhecer a Trindade e pela relação que um tem com o outro.

Na missão que temos, é a mesma coisa. Se formos uma grande massa, simplesmente teríamos ‘a assembleia do Povo de Deus que vai ao santuário’. Seríamos uma grande massa, mas não seríamos nós em nossa missão, na importância que cada um tem, em sua diferença, em seus talentos e em suas funções. Por isso, também podemos nos reconhecer na relação que se estabelece e na missão que cada um tem: a missão do Pai de criar, a missão do Filho de salvar e a missão do Espírito de santificar e divinizar o povo.

Esta é uma realidade que sempre nos permeará em nossa espiritualidade. Nosso fundador, ao ver que algo estava indo para uma uniformidade sem personalidade, falava que se corria um grande risco de quebrar os vínculos e de não reconhecer o indivíduo. Por isso, ele passou três anos em um campo de concentração na Segunda Guerra Mundial, justamente porque apontava que o sistema vivido era um sistema que fazia do homem uma massa, e não o homem em sua dignidade de filho de Deus.

Nesta solenidade da Trindade, queremos agradecer ao Senhor porque nos faz ser chamados dignamente filhos de Deus. Queremos adentrar no mistério da Trindade no dia a dia e reconhecer que somos filhos amados do Pai.

Texto retirado da homilia do dia por Sueli Vilarinho